PARA COMPREENDER A MEDIUNIDADE

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MEDIUNIDADE

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Para compreender a mediunidade, é necessário saber algo sobre os vários corpos do ser humano. Além do corpo denso, instrumento que o Ego usa para propósitos materiais, o homem possui um corpo vital composto de éter, um corpo de desejos, ou emocional, e uma mente. O espírito individualizado, ou Ego, vive dentro destes veículos que se interpenetram e os usa para adquirir experiência na escola da vida.
No estado de vigília, o corpo denso e o corpo vital (este último interpenetrando e estendendo-se uma polegada e meia do primeiro) ficam dentro de uma nuvem em forma de um ovoide. Esta nuvem ovoide é composta pelo corpo de desejos e pela mente. Todos estes veículos são concêntricos e é a interpolação de um dentro de outro, ficando os centros de percepção de uns propriamente alinhados com os centros dos outros, o que facilita ao Ego manipular o complexo organismo e executar, de forma metódica, os processos de vida chamados de raciocínio, fala e ação.

Representação dos corpos físico, vital , de desejos  e mente .
  Ilustração  de María Augusta e José María Subirachs, de Asunción, Paraguay

Quando o corpo denso dorme, há uma separação entre os veículos. O Ego e a mente, revestidos pelo corpo de desejos, retiram-se dos corpos vital e denso; estes últimos permanecem na cama enquanto os mais sutis flutuam sobre o corpo que dorme, conectados a ele pelo cordão prateado. O processo de restauração começa logo depois. Em casos normais, o corpo de desejos transmite energia rítmica ao corpo vital, e este, por sua vez, começa a trabalhar sobre o corpo denso, eliminando os produtos da decomposição principalmente por meio do sistema nervoso simpático. O resultado é que o corpo denso fica restaurado e repleto de vida quando, pela manhã, o corpo de desejos, a mente e o Ego entram novamente despertando-o.
Ao morrer, a separação entre os corpos é a mesma que ocorre durante o sono. Os chamados mortos têm Ego, mente e corpo de desejos. Algumas vezes, por algum tempo, permanecem conscientes do mundo material que abandonaram. Alguns se apegam à vida terrena e não se decidem a aprender suas novas lições. Estes são chamados espíritos apegados à Terra. Não podem, no entanto, funcionar nos mundos visíveis sem um corpo e fazem uso daqueles seres vivos cujos corpos denso e vital estão frouxamente conectados. O grau de frouxidão entre os veículos denso e vital não é o mesmo em todos os Egos. Há pessoas cujos corpos estão mais estreitamente entrelaçados. Estes são os materialistas. As pessoas cujos corpos não estão tão fortemente entrelaçados podem, de certa forma, perceber e responder às vibrações espirituais e se desenvolvem por sua própria vontade, convertendo-se em ocultistas ou clarividentes treinados. Aqueles de vontade débil desenvolvem-se somente com a ajuda de outros e de forma negativa. Estes seres são vítimas propícias para os espíritos apegados à Terra que, simulando serem guias espirituais, desenvolvem suas vítimas como médiuns de transe ou como médiuns de materialização, se a conexão entre os veículos denso e vital da vítima é especialmente fraca.
O médium é um clarividente involuntário ou negativo que tem os corpos denso e vital frouxamente conectados e sob o controle de um espírito do Mundo do Desejo. É o mesmo caso de um hipnotizador e sua vítima no mundo físico. No caso de um médium de transe, todas as suas experiências espirituais acontecem enquanto seu corpo físico permanece inconsciente ou em transe. O Ego, revestido pelos corpos mental e de desejos, abandona o corpo físico. O espírito-guia o controla e penetra seu corpo. Esta mesma separação ocorre no estado de sono, com a diferença de que, no sono, o corpo permanece desabitado. O espírito de controle se apodera do corpo físico do médium e o usa para seus próprios fins, às vezes com grande prejuízo para o médium. Por exemplo, quando tal espírito de controle foi em vida um viciado em drogas ou um libertino, ele usará esse veículo para satisfazer sua sede de bebida alcoólica ou suas paixões inferiores. Nunca enfatizaremos suficientemente a importância do corpo físico como nosso mais valioso instrumento e o grave erro que se comete quando o entregamos a um espírito de controle ou a um hipnotizador.
Um espírito de controle é uma réplica exata de um hipnotizador, com a exceção de que o primeiro é invisível e tem mais poder sobre sua vítima. Este espírito é considerado como um ser elevado ou um anjo incapaz de causar dano e desejoso de ajudar a disseminar a verdade. De fato, não há poder transformador na morte.  O pecador não se converte em santo nem o ignorante em sábio ao morrer e é uma realidade triste para o clarividente treinado ver como os espíritos-guias ou de controle se impõem às suas vítimas incautas que não podem distinguir nem compreender o verdadeiro caráter destes impostores, aceitando suas frases melosas e ocas como sabedoria divina. Ainda que estes espíritos tenham trazido algum benefício ao provarem, fora de toda dúvida, a continuidade da vida depois da morte, fizeram também muito mal aos médiuns.
É de se esperar que espíritos de alta natureza ética ou grande desenvolvimento espiritual não controlem o médium totalmente. Os espíritos errantes, ou de baixa categoria, agem assim para terem um veículo a fim de satisfazerem suas ânsias de bebida e sexo. Desta forma, causam estragos no corpo do médium.
No caso de médiuns materializadores, o espírito-guia põe a vítima em transe e extrai o éter de seu corpo vital através do baço. Este éter, ele usa para as materializações. Como dissemos anteriormente, a única diferença entre um médium e uma pessoa comum é a frouxidão entre seus corpos denso e vital. Esta frouxidão permite ao espírito de controle ou guia extrair o éter quase que por completo. O corpo vital é o veículo que especializa a energia solar que nos dá vitalidade. Privado de seu princípio vitalizante, o corpo do médium, no momento da materialização, encolhe-se. A carne se torna branda e a chispa de vida apenas arde. Quando termina a sessão e o corpo vital é devolvido ao médium, este desperta. Sente-se extenuado e, algumas vezes, recorre à bebida para repor suas forças. Nestes casos, a saúde se debilita e o médium se converte em uma ruína humana. Desgraçadamente, a grande maioria dos médiuns não está consciente destes perigos, especialmente dos perigos que o ameaçam ao morrer. Então, seu guia pode-se apoderar do corpo de desejos. Ainda em vida, se o médium procurar evitar que ele use seu corpo impunemente, sentirá que não tem poder para impedi-lo. Ao morrer o médium e os dois espíritos se encontrarem frente a frente, os perigos são ainda maiores. Sabe-se de casos em que o médium repudiou  e tratou de escapar ao domínio de seu guia, porém, não conseguiu. Estava indefeso. Alguns médiuns confessaram como foram empurrados irresistivelmente ao crime ou ao suicídio por estes guias ou espíritos de controle. Rogaram para que fossem deixados em paz, mas foi em vão. Muito raras vezes, ouve-se dizer que estes guias mostraram piedade. Uma vez que a pessoa se converte em médium, não tem escapatória. Não pode impedir que o guia entre em seu corpo. Enquanto o médium é dócil e obediente, tudo vai bem, porém, se protesta e desobedece, verá que o guia tem domínio e esporas e as usa sem misericórdia.
O guia tira os corpos superiores e o espírito do médium que não oferece resistência e toma posse completa. Ao se retirar, leva consigo parte do corpo vital do médium, que lhe serve para dominá-lo permanentemente. Em alguns casos, ele não se conforma de tomar emprestado os veículos, senão que se apodera deles e deixa fora seu dono para sempre. O corpo é o mesmo, mas o Ego é estranho e seus hábitos mudam. Isto é a obsessão.
Pode-se comprovar a obsessão facilmente, pois a íris de seus olhos não responde à luz nem à distância. Não se contrai nem se dilata. Somente o dono de um corpo pode manipular os olhos. No médium, estes estão fechados ou têm um olhar fixo e vidrado.
A lição que estes conhecimentos trazem é que devemos manter completo domínio sobre nossos veículos e de modo algum permitir que nos hipnotizem ou nos controlem de fora. Também, não devemos assistir a sessões  espíritas ou demonstrações hipnóticas porque a atitude negativa que se observa  nessas reuniões faz com que a pessoa fique  vulnerável à obsessão
Nosso lema deve ser:  domínio próprio e não domínio sobre os demais.


Representação das correntes no Corpo de Desejos do Clarividente Involuntário (esquerda) , Homem Ordinário(centro) e Clarividente Voluntário (direita)
 
  Ilustrações do Conceito Rosacruz do Cosmos, atualizadas por María Augusta e José María Subirachs, de Asunción, Paraguay
No Corpo de Desejos existe certo número de centros sensoriais que ainda se encontram em estado latente na maioria dos homens. O despertar destes centros de percepção corresponde ao descerrar dos olhos de um cego. A matéria do Corpo de Desejos humano permanece em movimento continuo de incrível rapidez, não havendo nele um lugar estável para qualquer partícula, como no Corpo Denso. A matéria que num determinado momento está na cabeça, encontra-se nos pés ao instante seguinte, para voltar outra vez. Não há órgão algum no Corpo de Desejos, como nos Corpos Denso e Vital, mas há centros de percepção que ao entrarem em atividade parecem vórtices, sempre permanecendo na mesma posição em relação ao corpo denso. A maioria desses vórtices encontra-se em volta da cabeça. Na maioria das pessoas esses centros não passam de simples remoinhos, sem utilidade como meios de percepção. Podem ser despertados contudo, ainda que dos métodos usados dependem os resultados conseguidos.
No clarividente involuntário, desenvolvido no sentido negativo e impróprio, estes vórtices giram da direita para a esquerda ou seja, na direção oposta à dos ponteiros de um relógio.
No Corpo de Desejos do clarividente voluntário, devidamente desenvolvido, giram na mesma direção dos ponteiros de um relógio, fulguram esplendorosamente e ultrapassam muito a brilhante luminosidade do Corpo de Desejos comum. Estes centros, como meios de percepção das coisas no Mundo do Desejo, permitem ao clarividente voluntário ver e investigar à vontade, ao passo que as pessoas cujos centros giram da direita para a esquerda são como espelhos que refletem o que se passa em sua frente, e por isso mesmo incapazes de obter informações reais, constituindo uma das diferenças fundamentais entre um médium e um clarividente desenvolvido de modo apropriado. Para muitas pessoas é quase impossível distinguir entre ambos, mas existe uma regra que todo mundo pode seguir com plena confiança: Nenhum clarividente genuinamente desenvolvido utiliza-se de sua faculdade por dinheiro ou coisa equivalente, nem tampouco para satisfazer curiosidades, mas só e unicamente para ajudar a humanidade.
Quem quer que seja capaz de ensinar o método apropriado para o desenvolvimento dessa faculdade nunca cobrará nada, nem sequer por uma só lição. Os que pedem ou recebem dinheiro para exercer essa faculdade ou dar lições sobre ela, nada possuem que valha a pena pagar. A regra mencionada é guia seguríssimo e pode ser seguida com absoluta confiança.
Num futuro bastante longínquo o Corpo de Desejos do homem será organizado definitivamente, conforme atualmente estão os Corpos Vital e Denso. Quando esse estágio for alcançado todos teremos o poder de funcionar no Corpo de Desejos tal como funcionamos agora no Corpo Denso que, contrariamente ao Corpo de Desejos - o mais novo, por assim dizer - e o mais antigo e melhor organizado dos corpos do homem.
Excertos do Conceito Rosacruz do Cosmos, de Max Heindel.

Fonte:http://www.christianrosenkreuz.org/mediunidade.htm

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